Um estudo publicado na prestigiosa revista Lancet Psychiatry, edição de abril de 2021, procurou responder à essa pergunta. Para isso, foram analisados os prontuários médicos de pouco mais de 236 mil norte-americanos que sobreviveram à COVID-19, e foram comparados com outros grupos de pacientes que tiveram outras infecções respiratórias (como influenza) no mesmo período.
Cerca de um terço dos 236 mil norte-americanos apresentaram algum problema neurológio e/ou psiquiátrico nos 6 meses após o diagnóstico de COVID-19, sendo que cerca de 13% deles nunca tinha tido problema parecido. O risco de doenças neuropsiquiátricas foi maior de acordo com a severidade da COVID-19, especialmente entre aqueles que precisaram de terapia intensiva (UTI). Uma das principais associações encontrados foi de acidente vascular cerebral (AVC) e demência. Potenciais mecanismos de dano neurológico incluem ações diretas do vírus sobre o sistema nervoso central e periférico, estado de hipercoagulação vascular e efeitos adversos da resposta imunológica – mas esse tipo de estudo não serve para indicar causas, apenas fazer associações.
Outro ponto interessante do estudo foi a avaliação da associação de transtornos de humor e ansiedade, insônia e abuso de substâncias. A chance de uma pessoa vir a desenvolver um transtorno de ansiedade após o diagnóstico de COVID-19 não parece estar relacionada à gravidade da doença (se precisou de hospital ou UTI, por exemplo), mas simplesmente pelo fato de ter tido COVID-19. Isso faz pensar que possivelmente o risco de alguns transtornos mentais esteja relacionado às consequências “psicológicas” da doença, como luto, prejuízo financeiro e/ou profissional, dentre outras, além dos efeitos diretos do vírus sobre o tecido cerebral.
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